Se numa notícia qualquer a proximidade geográfica atribui maior importância à notícia, nas nossas vidas é quase sempre ao contrário. O afastamento atribui significativa importância na felicidade ou qualidade da coisa.
Vamos ver o que dizem os psicólogos em Lisboa, vamos fazer as compras ao Rosal de La Frontera, as roupas espanholas são melhores, o tempo no Brasil é que era, se fossemos agora para a Cuba do Fidel é que era, se vivêssemos na Finlândia víamos o nosso dinheirinho dos impostos bem aplicados.
E aqui na terra… olha para a filha da nossa vizinha, ela já acabou o curso e tu não, (ela tem mais 10 anos que tu e tu não, mas isso pouco importa) … e nem vale a pena continuar.
A atribuição de algo bom associado a uma cidade é muitas vezes póstuma.
“Ohhh, Aquele artista foi um grande artista… era lá da minha terra e temos lá umas palavrinhas na fachada de sua casa para que nunca se esqueça um homem que por lá passe quem foi ele... um homem com letra grande!” e em vida o que foi? “Aquilo é um bêbado que para ali está, pintor??? aquilo não é nada, aquilo também eu fazia, ele quer viver é a vidinha boa de não fazer quase nada e que lho ponham no bolso”
E os santos, e os heróis? Quem são os heróis das nossas vidas?
Um bom herói, um herói que se preze, deve sempre ser um homem normal, se possível com algumas falhas para que a sua mudança extrema seja ainda mais impressionante. Tem que ser alguém que de entre nós saia e se distinga num acto heróico. Então todos podemos sê-lo! Ou não?
Mas se todos à nossa volta são demasiado normais para ser heróis teremos que ir buscar os normais de outros lados para ter heróis entre nós?
Reflexão in_util que pretende pensar sobre o potencial de cada um, muitas vezes negado à partida porque tudo o que é grande ou está longe ou é difícil, ou simplesmente ‘é demais para ti filho! Desmagina-te que é o melhor que fazes pra dar umas alegrias à avó, cala-te lá com isso de quereres ser alguém que nascestes aqui no fim do mundo.’